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Destaques

Desafios diários

Nessa nossa vida de macumbeiro encontramos vários desafios, mas o maior deles ainda é lidar com o ser humano. Tem pessoas que procuram um sacerdote, procuram uma consulta com os orixás através de búzios ou outros oráculos, mas tem o único objetivo de ouvir confirmações para suas ideias distorcidas da realidade. É preciso compreender que, se você procura a verdade, é preciso saber lidar com ela. Talvez seus caprichos e obsessões não sejam o melhor caminho, mas se os ainda pretende seguir, isso é com você. O que eu não concordo, EU não faço. Não interfiro na vida e na liberdade de outros para satisfazer desejos pessoais, não faço amarrações, não tiro empregos, não derrubo outras pessoas para manter sua posição, mesmo que você reforce, várias vezes, que tem muito dinheiro para pagar, que é FODA nisso ou naquilo, que é muito mais competente que os que estão a sua volta. Qualquer dia, esses que estão à sua volta acabam por entender sua forma de agir.   Lidar com essa pequenez do es...

Como são nossos rituais

 Nosso ritual de Umbanda segue raízes tradicionais 

Falar de raízes tradicionais em um país tão diverso culturalmente como o Brasil, é sempre muito complicado. Independente do culto praticado, tanto em terras brasileiras como em Africa, sempre vamos ver a absorção de diversas culturas compondo a religiosidade de um povo, no fundo é muito difícil, quiçá impossível, separar o que faz parte de uma ou de outra cultura na prática de terreiro, então deixe-mos essa discussão para momentos filosóficos, que não é o caso aqui. 

Independente das diversas culturas africanas e ameríndias que compõem nossos cultos de Umbanda e Candomblé, ainda existe o sincretismo católico ou o cristianismo que em muitas casas é fácil de identificar, sejam pelas imagens de santos católicos sincretizados como orixás, seja por orações católicas utilizadas durante os rituais ou ainda, e não raro de ver, imagens de orixás africanos brancos. Uma tentativa incessante de apagamento histórico e cultural guiado pelo racismo estrutural. 


Orixá é preto e Ogun nem conhece São Jorge

São Jorge é branco e europeu, guerreiro convertido ao cristianismo, por outro lado Ogun é preto e nigeriano e nunca ouviu falar de Jesus. Muito provavelmente alguém "inspirado" nas qualidades guerreiras de Ogun fez essa adaptação infeliz, no meu ponto de vista, prejudicando ambas as culturas. Assim foi feito com vários outros orixás e na cabeça de muita gente os orixás são os Santos católicos, brancos e com narrativas cristãs, não só narrativas, mas comportamentos cristãos. Isso é apagamento cultural e racismo, perpetuado pela ignorância de muitas pessoas que apenas se empenham em disseminar "informações" que recebem sem qualquer filtro, sem verificar fontes, sem usar o bom senso. Para piorar, muitos criam narrativas elaboradas (e mirabolantes) e espalham em sites e redes sociais, desinformando um número cada vez maior de pessoas. Não vou entrar nem no mérito do comércio religioso que se empenha em vender qualquer besteira muito bem embalada para um ávido público disposto a ouvir as confirmações das "Vozes de sua mente". 

Como são nossos rituais de Umbanda


Com minha narrativa até aqui creio que você já tenha compreendido que, embora seja impossível a prática de uma Umbanda pura como muitos afirmam fazer, nós nos esforçamos ao máximo para viver o culto de forma preta e ancestral, sem associações a santos católicos, sem rezas cristãs e sem qualquer vínculo cristão. Nossos orixás são pretos, nossa magia é preta, trabalhamos e estudamos pelo resgate de nossa ancestralidade. Em nosso culto não existe Diabo, esse ser vive na cultura cristã, nas falas dentro de igrejas e templos religiosos cristãos, o diabo é cristão, nós cultuamos orixá. 




Iniciamos nosso ritual com a saudação aos orixás de forma tradicional yoruba, cantigas, orações e eventualmente dançamos para os orixás cultuados em nossa casa. Após a saudação aos orixás, iniciamos nosso ritual de Umbanda, evocando entidades como caboclos, pretos velhos, baianos, exús e pombo giras, entre outros já conhecidos pelos praticantes e simpatizantes da Umbanda. Então o que há de diferente em nosso culto? 

Para além de não fazermos qualquer associação cristã dentro do culto, incluindo e não se limitando aos pontos cantados, você não encontrará grandes diferenças, são entidades que estão para orientar e ajudar aqueles que os procuram. Nossos pontos (cantigas) não fazem associação a santos, diabo ou demônios, pois, como dito anteriormente, essas são todas "divindades" cristãs. Em alguns casos, pegamos cantigas conhecidas e fazemos adaptações para retirar tais referências. 

Se você quer conhecer mais sobre nossas práticas de culto, faça-nos uma visita. Venha com o coração e mente abertos para receber o axé dos orixás e das entidades.

Que Èṣù, o òrìṣá senhor dos caminhos, proteja sua ida e sua volta e lhe traga toda sorte de prosperidade e abundância para sua vida.